A freguesia de Ribeira Seca está situada no Arquipélago dos Açores, mais precisamente na Ilha de S. Jorge e concelho de Calheta, de cuja sede dista cerca de 5 quilómetros. Ribeira Seca tem por orago Santiago, celebrado todos os anos, no dia 25 de Julho.
O topónimo “Ribeira Seca” teve origem numa pequena corrente de água da freguesia que, como diz o povo, “tão depressa corre, como depressa seca”.
A primeira referência que se conhece à Ilha de S. Jorge data de 1439, sabendo-se que por volta de 1470, quando já existiam núcleos populacionais nas costas Oeste e Sul, veio para a Ilha o nobre flamengo Wilhelm Van Der Haaegen, ou Guilherme da Silveira, nome pelo qual é também conhecido.
O povoamento da ilha, com gentes vindas do Norte do Continente, foi nos seus primórdios da responsabilidade de João Vaz Corte Real, donatário de Angra, na Terceira, a quem foi doada a capitania da Ilha de S. Jorge, em 1483. A freguesia de Ribeira Seca está integrada numa das mais importantes áreas de povoamento da Ilha de S. Jorge, embora não tenha sido o primeiro desses núcleos; porém, a forma de povoamento foi semelhante àquela que ocorreu um pouco por toda a ilha: os primeiros colonizadores lotearam as suas terras a foreiros, constituindo-se assim em S. Jorge, senhorios de fora que se dispersaram um pouco por todo o território.
A crise dinástica provocada pela subida do rei Filipe II de Espanha ao trono de Portugal, teve os seus reflexos na Ilha de S. Jorge e consequentemente nas suas povoações, que tomaram o partido do pretendente D. António, Prior do Crato, seguindo-se um periodo em que a ilha se manteve quase que isolada, o que se deve atribuir ao abrigo precário dos seus portos, e a sua limitada importância económica.
Contudo, talvez ainda no século XV, plantaram-se na freguesia os primeiros pés de vinha e as primeiras sementes para obter pão, o que proporcionou muito rapidamente, a fixação de povoamento no local. Filipe II, aliando-se constantemente as mais diversas facgdes de cariz catélico, intrometeu-se por diversas vezes na politica interna de outros paises em nome da luta contra o protestantismo ou a fidelidade a Roma, tendo como objectivo a pretensdo a tronos europeus. Esta aspiragdo imperialista langou a monarquia espanhola numa rota de colisao com uma poténcia emergente na Europa, governada por uma rainha dura e arreigadamente protestante: Isabel I de Inglaterra. Após a feroz perseguição de Isabel de Inglaterra aos católicos e a extinção ou abolição dos privilégios e instituições destes, Filipe II lança-se contra a soberana britanica, que tinha como “brago direito” o Conde Essex, com pouco mais de 20 anos. Porém, este, enfastiado de estar ao contínuo serviço da rainha, embarcou sem sua licença na expedição com que Francis Drake se propunha auxiliar a causa do Prior do Crato contra Filipe II, em 1589. Essex foi contudo obrigado a regressar a Inglaterra por uma ordem ameaçadora da Rainha Isabel e durante alguns anos foi a personagem que mais influência exerceu junto dela. Os conflitos entre os dois soberanos continuaram, até que o esquadra de Essex tomou rumo a Portugal, assenhoreando-se de Faro. Em 1598, era Essex designado para comandar uma expedição contra a Espanha, a que os ingleses chamaram de “Viagem à Ilha dos Açores”. Essex desembarca na enseada da Calheta e a sua esquadra é repelida pelos habitantes do concelho, que de vigia junto à estacaria do varadoiro, jogaram as fundas fazendo cair sobre os bretões uma densa nuvem de pedras, que os obrigou a recuar. Mesmo assim, a Ilha de S. Jorge é sujeita a ataques de corsários ingleses e franceses durante os séculos XVI e XVII e as devastadoras razias dos piratas turcos e argelinos.
O povo da ilha vivia oprimido e constantemente sujeito a ataques e desbastes e mais tarde, com o lancamento de grandes impostos, originou-se o primeiro grito de liberdade dos habitantes da Ilha a seguir a Guerra da Sucessao: o “Motim dos Inhames”, liderado por um ribeirasequense.
Quanto a paréquia de Ribeira Seca, ¢ uma das mais antigas de toda a Ilha, tendo sido instituida no século XVI. A actual Igreja Paroquial, datada de 1761, substituiu uma outra que existiu no mesmo local e que foi destruida por um grande terramoto, ocorrido a 9 de Julho de 1757. Para além da Igreja Paroquial, sobressaem no patriménio cultural e edificado da freguesia de Ribeira Seca, o solar dos Noronhas e as casa de Gaspar Silva, de Aida e do Maestro Francisco Lacerda. No território da freguesia são ainda de destacar outros locais de interesse turistico como, a Faja da Caldeira de Santo Cristo, a Faja dos Vimes e a Faja dos Cubres, os miradouros, o parque florestal da Silveira, e toda a orla maritima.
No campo econémico, quebrado o isolamento do passado com as obras realizadas nos dois principais portos do concelho, Velas e Calheta, e com o aeroporto, abriram-se as povoagdes de S. Jorge novos horizontes de prosperidade e progresso, que conta nas freguesias em geral, ndo fugindo Ribeira Seca a regra, com a integral utilização dos seus recursos naturais, a expansdo da pecudria e dos lacticinios, da pesca e da industria de conservas, além do comércio, da carpintaria e da construção civil.